Este “programa de peça” pretende resumir, de forma muito simplificada, a riqueza de uma das mais importantes manifestações culturais do Estado do Rio de Janeiro – a Folia de Reis. Sonha ainda servir como uma espécie de guia para o público acompanhar melhor o que está é representado a sua frente: Uma verdadeira Ópera popular.
OBS.: anote na sua agenda, Sábado 06/01/2018 ás 20h na Ecoarte.
Origem e Propósito
Trazida ao Brasil pelos jesuítas, a Folia de Reis tem origem nos antigos grupos de reiseiros portugueses que cantavam Reis de porta em porta, na época do Natal. No Brasil ganharam novas tradições e se diversificaram bastante mantendo, contudo, alguns traços comuns que a diferenciam de outras manifestações culturais do país.
Em geral, as folias são organizadas em pagamento de promessa, quase sempre ligadas ao restabelecimento da saúde do próprio promesseiro ou de alguém a ele muito ligado. E, por tradição, a duração da promessa é de no mínimo sete anos. Em torno do promesseiro se reúnem familiares e conhecidos em grupos que podem chegar a 25 pessoas.
As folias percorrem cidades, vilas e povoados visitando casas, sempre a convite dos donos, em jornadas ou “giros” que começam na noite de 24 de dezembro, véspera de Natal, e se encerram em 6 de janeiro, Dia de Reis, podendo, no caso do Rio, se estender até o dia 20, para festejar São Sebastião.
Integrantes da Folia
Os foliões representam os soldados que acompanharam os Reis Magos em sua jornada até o local do nascimento de Jesus. E, como uma corporação militar, cada qual tem funções, tarefas, responsabilidades e poderes específicos. Vamos conhecer um pouco sobre eles:
Mestre – Autoridade máxima da folia ele indica o rumo e puxa os cantos, entoando-os como primeira ou segunda voz. Em geral é o autor na promessa que deu origem à folia e se torna por isso responsável por prover o grupo com uniformes, instrumentos, bandeiras etc.
Contramestre – Substitui o mestre quando necessário e é encarregado de colher donativos. Também deve completar a cantoria, harmonizando com o mestre numa terça abaixo ou acima.
Bandeiro – Também conhecido como bandeirista ou alferes da bandeira é o encarregado de levar a bandeira (símbolo máximo da folia e que vai sempre a frente do grupo, ela representa os Reis Magos e costuma ser enfeitada com fitas e papel laminado – algumas são até iluminadas a pilha).
Cantores e Instrumentistas – os demais foliões são nomeados de acordo com as vozes (contralto, tripe, tala) ou pelos instrumentos que tocam (pandeirista, caixeiro, triangueiro etc.).
Palhaços de Reis – Representantes dos soldados de Herodes, perseguidores do Menino Deus, passaram ao longo dos anos a serem associados ao próprio demônio, o que gerou lendas e também regras rígidas para sua participação dentro da folia. São elas: na marcha, nunca passar a frente da bandeira ou ficar muito para trás; em lugares ermos nunca se afastar demais da bandeira ou corre o risco de sumir ou levar uma surra sem saber de quem; em hipótese alguma pode entrar em igreja ou capela visitada pela folia; quando o grupo visita uma casa, ele deve ficar de fora e só entrar após a permissão do mestre; diante de altares ele só pode chegar se tirar a máscara em sinal de respeito; o palhaço ainda não participa da ceia dos foliões na festa de remate (quando a temporada de folias é concluída), sendo alimentado à parte.
Para entender o que acontece durante a Folia
A apresentação da folia começa com a caminhada, ao som de marchas de rua. Diante da casa que pretendem visitar, os foliões iniciam a primeira cantoria: o pedido de abrição de portas que pode variar de grupo a grupo, mas, em geral, entoa os seguintes versos: “Os três Reis do Oriente/ Por aqui veio passar/ Na sua rica morada / Hoje vem lhe visitar// Meu senhor dono da casa/ Abre a porta e acende a luz/ Quero lhe dar boa noite/ Como o menino Jesus// Meu senhor dono da casa/ Escute e preste atenção/ Que aqui está em sua porta/ O três Reis da união.”
Seguem-se a partir daí, entremeados pelo som da marcha, outras cantorias que, por ordem são: saudação ao dono da casa, a jornada dos três Reis Magos (ou passagens da bíblia sobre a vida de Jesus), o agradecimento e a despedida.
Os palhaços também participam da folia, num momento especial. A uma ordem do mestre, os foliões formam um semicírculo com o palhaço no meio e iniciam o toque da chula. É quando o palhaço mostra sua destreza e agilidade em saltos e maneios, cada qual procurando exibir sua capacidade física. Os palhaços iniciam os recitativos se identificando pelo nome de guerra (catapora, miséria, beleza, vovô cansado etc.). Ele também saúda o dono da casa e os presentes com versos repletos de gracejos. Quando há mais de um palhaço, é comum também eles se provocarem com versos de improviso, como um desafio. Ao fim do recitativo, o palhaço volta a dançar de forma ainda mais vigorosa e demorada, quando é costume os presentes atirarem moedas que devem ser catadas com rapidez pelo palhaço e guardadas num saquinho pendurado ao braço ou à cintura.
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OBS.: as imagens são meramente ilustrativas, não foram feitas em São Pedro da Serra.